
Relatos
Maria Pureza
Minha avó era uma mulher sábia! Eu tinha quatro anos quando ela faleceu. Deixou-me uma profunda saudade, apesar de pouca idade, tínhamos uma afinidade muito bonita, seus 80 anos de diferença, nada significava, fui provavelmente a penúltima neta que ela aparou - era aparadeira, hoje conhecido como parteira. Mulher trabalhadora, amiga e acima de tudo de uma sabedoria sem par apesar de semi analfabeta. Morando no meio do mato, soube com toda ciência inata, e muito zelo trazer ao mundo, metade de uma população sadia, alegre, bem como a segurança e cuidados as referidas mães. Nenhuma daquelas mães jamais conheceu médicos obstetras, ginecologistas, nunca ouviram falar em pré-natal, e, nunca tiveram problemas pós-parto, sequer entenderem o significado de uma cesariana. A maestria em afilar narizes, umbigos perfeitos, eram umas das suas qualidades.
Filha de Constantino e Maria Luisa, seu nome era Maria Pureza, da família Azevedo, teve treze irmãos entre eles: João Hipólito, Primitiva Azevedo, Aurélia (minha avó por parte de mãe, meus pais eram primos carnais). Isabel (mãe de Bacildes), Leolides, Juvêncio, Theodora, Pocidônio, Porcina e outros. Casou-se aos treze anos, ainda menina, com Sr. José Leandro. Muito sofreu nesse casamento, mas sempre lutando corajosamente. Teve muitos filhos, entre eles; José (meu pai), Emílio, Leolides, Abdon, Laura, Arlinda (falecida ainda jovem), Alípio e Rubina.
O Berimbau das Antigas conheceu a minha avó. O Berimbau mais velho nasceu em grande maioria, de suas mãos. O Berimbau Novo, pode se orgulhar de ter tido uma conterrânea ilustre, desconhecida, porém sábia, analfabeta, mas dotada de um enorme coração e diplomada na Universidade da Sabedoria e da Pureza, tal qual era seu nome!
Obrigada, minha doce e saudosa avó. Sua neta Natividade.

